Confea e CAU avançam para reduzir terreno de sombreamento profissional
Em busca de equilíbrio entre algumas atividades
profissionais exercidas por engenheiros e arquitetos, representantes do
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU) se reuniram nos dias 5 e 6 de abril, em
Brasília. Foi a terceira reunião realizada neste ano entre a Comissão Temática de Harmonização
Interconselhos (CTHI) e a Comissão
Temática de Harmonização do Exercício Profissional (CTHEP), que, respectivamente, agrupam representantes
das duas entidades de regulamentação profissional.
Carga horária, nível de conhecimento, mercado de trabalho
permeiam os cálculos que devem gerar uma equação que encontre o equilíbrio
desejado na relação entre engenheiros e arquitetos, que disputam entre si 7% do mercado da
construção civil no país, enquanto os 93% restantes têm os proprietários ou
mestres de obra à frente de obras, sejam em construções ou reformas. “Nossa
união é mais que precisa, é mesmo necessária”, diz José Geraldine Júnior,
coordenador dos arquitetos.
“As discussões
mantidas em bom e alto nível gerarão decisões técnicas”, define Leonides Alves
da Silva Neto, coordenador dos engenheiros. Para ele, “mesmo que o profissional
tenha atribuição de exercer tal ou qual atividade, caso não tenha o
conhecimento necessário, leva a discussão para o campo ético”.
A manhã do primeiro dia dos trabalhos, sob coordenação do
engenheiro civil Leonides e do arquiteto Antonio Luciano, foi dedicada à
aprovação da súmula da reunião anterior. A leitura revelou os cuidados que
estão sendo tomados na relação entre as duas entidades, a fim de se encontrar
um consenso entre atividades, como a realização de projetos arquitetônicos e
mesmo elétricos, e de planos diretores, por exemplo, que causam atritos entre
os dois conselhos de regulamentação profissional. Entre os cuidados, os
encontros são realizados cada vez na sede de um dos conselhos, assim como é
igual o tamanho do espaço de cada um.
Plano convergente
Com um plano de trabalho definido, Confea e CAU tratam
primeiro de questões convergentes, algumas delas dependendo dos poderes
Executivo e Legislativo, como a criação da Carreira de Estado para engenheiros
e arquitetos, e acompanham a
possibilidade da
desregulamentação dos conselhos profissionais (TD 171), em estudo para
discussão no Congresso Nacional. Sobre isso, as comissões aguardam sugestões
das áreas jurídicas das duas entidades, a fim de decidir que atitude adotar
para evitar que o estudo se transforme em projeto de lei.
As conversações não ocorrem somente em nível federal, mas
também estadual. Ainda na manhã de terça-feira (5), mostrando estar caminhando
a passos largos em busca de clarear as chamadas áreas de sombreamento - quando atividades das duas modalidades se
confundem -, o Crea e o CAU catarinenses apresentaram como têm conduzido os
trabalhos de harmonização. Roberta Maas dos Anjos e Raimundo Nonato Robert,
pelo Crea-SC, e Giovani Bonetti e Fernanda Menezes, pelo CAU-SC, detalharam
como têm conduzido as conversações e defendem, basicamente, um ponto de
partida: “a atribuição deve ser dada de acordo com o que o profissional estudou
em sua formação”, afirmou Nonato.
CTHI e CTHEP têm preocupações que alcançam concordância
também quanto às criticas ao RDC (Regime Diferenciado de Contratações), a Lei
8666/93 e licitação sob a modalidade pregão eletrônico, que desconsidera o
conhecimento em benefício de preços reduzidos.
Na construção civil, uma das características é a
multidisciplinaridade de níveis de formação e de especialidades. Engenheiros
civis, eletricistas, mecânicos em alguns casos, e arquitetos deveriam atuar de
forma harmônica na elaboração de projetos executivos e execução de obras, mas,
na disputa de mercado de trabalho, essa não é uma realidade comum.
”Ganha e faz o trabalho quem chega primeiro”, informa
Alfredo Marques Diniz, engenheiro eletricista
que compõe a CTH. Ele, inclusive, defende a implantação de uma tabela de
honorários para cada atividade, e demonstra que apesar de poder, um arquiteto
estuda apenas 70 horas da disciplina,
enquanto o especialista, o engenheiro eletricista, estuda 500 horas para
elaborar um projeto de qualidade e detalhamento.
Tempo da delicadeza
O respeito entre os membros das comissões do Confea e do CAU
no trato de questões que exigem a frieza das decisões técnicas marca um “tempo
da delicadeza”, diz Geraldine. “Temos uma agenda positiva permeada pelo
espírito de integração entre a CTHI e CTHEP e marcada pelo diálogo”.
Leonides, por sua vez, reforça a ideia de que é possível ter
atribuição com base no que foi estudado para a formação profissional: “um
engenheiro civil não fará um restauro tão bem quanto um arquiteto e esse, por
sua vez, não fará um projeto estrutural com a mesma competência do engenheiro.
Ambos têm noção de uma e outra atividade, mas cada um guarda conhecimentos
aprofundados sobre cada disciplina”.
Fonte:
Confea e CAU avançam para reduzir terreno de sombreamento profissional
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